sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Quem sou eu?


Afinal, o que nós seres humanos temos que nos torna tão diferentes das demais criaturas existentes em nosso planeta? Seria a nossa capacidade de aprendizado, baseado em observações? Ou por sermos a única espécie que destrói o meio ambiente em que vive? Ou ainda por sabermos manipular uma torradeira como nunca visto em nenhum outro lugar na Terra?

Pesquisadores na Universidade de Stanford uma vez treinaram uma gorila chamada Koko para se comunicar com linguagem de sinais. Koko sabia fazer de tudo: pedir comida, água, informar dores, expressar sentimentos e até mesmo ter gatinhos de estimação. Mas um fato intrigou os cientistas, algo estranho sob olhos humanos: a gorila não fazia perguntas. Koko não questionava sobre a sua condição em cativeiro, não tinha curiosidade em trocar informações com os seus tratadores, nem mesmo querer saber porque a comida naquele dia estava ligeiramente mais fria daquela que comeu no anterior.

 A conclusão que os cientistas finalmente chegaram é bastante reveladora e curiosa. A primata não tinha consciência de sua individualidade. Como se todos os indivíduos compartilhassem os mesmos conhecimentos sobre quaisquer fatos e emoções que passavam por suas mentes. O que para nós, humanos adultos e autoconscientes, soa como um grande absurdo. Ora, onde já se viu não saber distinguir entre o que se passa em seu pensamentos do que passa na cabeça dos outros?

O desenvolvimento da individualidade se mistura com o desenvolvimento da própria humanidade. A auto-expressão, seja por música, danças e rituais são constantes em praticamente todas as civilizações primitivas e (porque não?) modernas também. Foi com o amadurecimento do senso de questionamento que nasceram as primeiras crenças e religiões, buscando um explicação para fenômenos que simplesmente aconteciam, mas que ninguém entendia como funcionavam. Foi com o o avanço dessa sede por conhecimento que surgiu a ciência e o método científico. É essa vontade de saber que move e sempre moveu a civilização à frente.

Como posso juntar mais alimento sem precisar caçar tanto? É possível viver mais, morrer menos por doenças? E se nos organizarmos em grupos, cada um com sua função? Como posso ganhar mais dinheiro sem trabalhar tanto? De onde viemos? Qual o segredo da vida, do universo e tudo mais? Como usar a energia elétrica para tostar mais ou menos um pão? Como fazer para estocar vento?

O que conhecemos hoje como mundo contemporâneo é fruto de milhares de anos executando uma tarefa que Koko e seus parentes são incapazes de fazer: pensar por nós mesmos. E além disso, explorar nossa curiosidade e seus deslimites.

Se o egocentrismo humano é a causa dos maiores problemas do nosso mundo atualmente, foi a noção de individualidade que nos fez chegar onde estamos. Apenas fomos capazes de resolver grandes perguntas durante nossa história porque alguém, em algum lugar, teve a ousadia de questioná-las.