O fato mais curioso em relação ao inexplicável é que ele é impossível de explicar. Alguns tentam: olham em livros, nas estrelas, em baixo do sofá ou até em revistas de fofocas sobre sub-celebridades decadentes da web, mas a resposta não está em lugar nenhum. Primeiramente porque o inexplicável é tão inexplicavelmente irresponsível que não se sabe nem ao certo qual é a pergunta. Em segundo, mesmo que encontremos uma resposta minimamente convincente sobre uma pergunta que ninguém sabe qual é, ninguém vai se convencer, porque ninguém sabe ao certo qual é pergunta que estão tentando convencê-las de sua corretude. E o ciclo continua até que ele se rompe, do nada, quando alguém consegue uma explicação plausível.
Nada, ao contrário do que muitos pensam, pode representar uma infinidade de coisas. Quando sua esposa aparece do nada em casa e te surpreende com a amante, certamente ela veio de algum lugar concreto, com informações concretas sobre seus contatinhos e morrendo de vontade de despedaçar sua cabeça em uma parede de concreto. Quando uma pessoa desequilibrada responde que "tudo está bem, não aconteceu nada", muito provavelmente as coisas que lhe aconteceram transcendem uma capacidade racional de interpretação dos sentimentos alheios, por isso é mais fácil utilizar o "nada" como trunfo e escapar dessa situação constrangedora, voltando a um isolamento depressivo interno e com tendências mortalmente suicidas. Encontrar uma explicação do nada para um evento inexplicável pode significar, entre várias coisas, todas as coisas possíveis de terem algum significado conhecido, já que ela simplesmente veio do nada.
Basta uma explicação ser descoberta para que um fato deixe de ser inexplicável. Podemos dizer, sem muitas dificuldades de entendimento, que todos os fatos cuja explicação é conhecida já foram, em algum momento da sua existência, inexplicáveis. A não existência de um fato exatamente inexplicável remete-se a mania pouco divertida dos seres humanos de tentarem fazer com que tudo tenha sentido, desde coisas banais como uma lógica nos números da loteria até situações realmente relevantes, como o porquê da torrada cair sempre com a manteiga para baixo ou a origem do penteado do Trump. Se a explicação não existe basta criarmos uma qualquer, utilizando o mínimo de bom senso possível, espalharmos nas redes sociais que, do nada, milhares de pessoas estarão tornando-a verdade.
A verdade é, assim como o explicável, algo que sempre vai existir, inclusive e principalmente quando ninguém sabe ao certo sobre o que estão querendo explicar de fato. Atrás das explicações bizarras e das verdades esdrúxulas sempre existirá uma legião de fantoches humanos, que farão as portas se doerem em suas fibras de madeira por terem a capacidade cerebral comparada a desses homo sapiens que engolem qualquer asneira para, incrivelmente, não se acharem asnos dentro do seu mundinho onde tudo tem que fazer sentido, na maior parte das vezes de acordo com seus princípios preexistentes.
Estudiosos, do nada, surgem com explicações extremamente complexas e fatigantes sobre acontecimentos simples e cotidianos. Pseudo-estudiosos da internet, do nada, surgem com explicações surpreendentemente simples e fáceis para os acontecimentos mais complexos do universo (notemos que "do nada" apresenta significados extremamente distintos em ambos os contextos). Em ambos os contextos falamos de seres humanos: um deles com muita curiosidade e entusiasmo para quebrar esse ciclo; outro totalmente desconfortável por estar preso dentro dele e com medo do que está fora de sua aconchegante casinha de boneca. Inexplicavelmente, da mesma espécie animal. Inexplicavelmente, tão diferentes.
Nada, ao contrário do que muitos pensam, pode representar uma infinidade de coisas. Quando sua esposa aparece do nada em casa e te surpreende com a amante, certamente ela veio de algum lugar concreto, com informações concretas sobre seus contatinhos e morrendo de vontade de despedaçar sua cabeça em uma parede de concreto. Quando uma pessoa desequilibrada responde que "tudo está bem, não aconteceu nada", muito provavelmente as coisas que lhe aconteceram transcendem uma capacidade racional de interpretação dos sentimentos alheios, por isso é mais fácil utilizar o "nada" como trunfo e escapar dessa situação constrangedora, voltando a um isolamento depressivo interno e com tendências mortalmente suicidas. Encontrar uma explicação do nada para um evento inexplicável pode significar, entre várias coisas, todas as coisas possíveis de terem algum significado conhecido, já que ela simplesmente veio do nada.
Basta uma explicação ser descoberta para que um fato deixe de ser inexplicável. Podemos dizer, sem muitas dificuldades de entendimento, que todos os fatos cuja explicação é conhecida já foram, em algum momento da sua existência, inexplicáveis. A não existência de um fato exatamente inexplicável remete-se a mania pouco divertida dos seres humanos de tentarem fazer com que tudo tenha sentido, desde coisas banais como uma lógica nos números da loteria até situações realmente relevantes, como o porquê da torrada cair sempre com a manteiga para baixo ou a origem do penteado do Trump. Se a explicação não existe basta criarmos uma qualquer, utilizando o mínimo de bom senso possível, espalharmos nas redes sociais que, do nada, milhares de pessoas estarão tornando-a verdade.
A verdade é, assim como o explicável, algo que sempre vai existir, inclusive e principalmente quando ninguém sabe ao certo sobre o que estão querendo explicar de fato. Atrás das explicações bizarras e das verdades esdrúxulas sempre existirá uma legião de fantoches humanos, que farão as portas se doerem em suas fibras de madeira por terem a capacidade cerebral comparada a desses homo sapiens que engolem qualquer asneira para, incrivelmente, não se acharem asnos dentro do seu mundinho onde tudo tem que fazer sentido, na maior parte das vezes de acordo com seus princípios preexistentes.
Estudiosos, do nada, surgem com explicações extremamente complexas e fatigantes sobre acontecimentos simples e cotidianos. Pseudo-estudiosos da internet, do nada, surgem com explicações surpreendentemente simples e fáceis para os acontecimentos mais complexos do universo (notemos que "do nada" apresenta significados extremamente distintos em ambos os contextos). Em ambos os contextos falamos de seres humanos: um deles com muita curiosidade e entusiasmo para quebrar esse ciclo; outro totalmente desconfortável por estar preso dentro dele e com medo do que está fora de sua aconchegante casinha de boneca. Inexplicavelmente, da mesma espécie animal. Inexplicavelmente, tão diferentes.
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